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Apostila de Filosofia do prof. Altair

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Mensagem  ALTAIR Sex Abr 09, 2010 4:47 pm

Disciplina: Filosofia

Professor: Altair M. Gomes

Aluno:



Obs: 1. Leia com atenção e carinho esse texto, pois ele foi feito com muito cuidado e atenção para melhor compreensão da disciplina e estudo dessa área do conhecimento tão necessária para a atitude crítica. 2. Faça um resumo dos tópicos aqui apresentados. 3. Atividade bimestral valendo nota.



Porque A Filosofia Nasceu Na Grécia


Porque a Filosofia nasceu na Grécia. Sabemos que um dos elementos originantes da filosofia foi a inquietação humana na busca de explicações para o real. Nessa busca, uma das primeiras formas de se tentar explicar o mundo foi com os mitos. Com o transcorrer dos tempos as explicações míticas já não satisfaziam mais. A constatação disso se deu na Grécia. Essa, portanto, é a nossa questão, aqui: entender como e porque a filosofia, como a entendemos hoje, nasceu na Grécia.

Todos os homens, em todos os tempos, desenvolveram algum tipo de reflexão, explicando seu mundo. Essa reflexão pode ser entendida como um filosofar. O ser humano sempre foi pensante e perguntante e isso fez dele um ser filosofante. Entretanto, a filosofia, como é entendida hoje, um sistema lógico e sistemático, nasceu na Grécia. Mas isso não foi um fato aleatório. Houve um contexto para isso acontecer. Isso porque, como afirma o professor espanhol M. G. Morente: “A filosofia, mais do que qualquer outra disciplina, necessita ser vivida” (MORENTE, 1967, p. 23). Ou seja, para ser teorizada precisou ser vivenciada. A filosofia, portanto nasce não de mentes criativas, mas de necessidades específicas de teorização, ou de explicação racional.
Diversos outros povos desenvolveram explicações para o mundo, o homem e as relações sociais, mas fizeram isso, como vimos, de forma mítica; nenhum com as características daquelas desenvolvida pelos Gregos a partir, principalmente, do século VII aC.


Sem entrar na particularidade de cada cultura, podemos assinalar alguns exemplos. Podemos dizer que para os orientais o universo é mantido pelo equilíbrio de forças opostas simbolizado na filosofia do Yin e Yang. Por sua vez os hebreus explicam a origem do mundo mediante a ação criadora de Deus, que entrega sua criação aos seres humanos, como podemos ler na Bíblia, no livro do Gênesis.
Em várias culturas, de várias nações de indígenas brasileiros, encontramos narrativas míticas explicando as origens tanto daquele povo como do mundo como é conhecido por aquela civilização. E assim por diante, cada povo tem a sua explicação, a sua cosmovisão. Observando cada mitologia, em cada cultura diferente, podemos nos colocar a questão: qual é a filosofia que os mantém? Nessas mitologias pode ser encontrado algum filosofar?


A pergunta que você deve estar se fazendo é: Se cada civilização deu uma explicação para suas origens e as origens do mundo, por que a forma desenvolvida pelos gregos fez tanta diferença?

A resposta poderia ser simplificada ao dizermos que a estrutura lógico-sistemática dos gregos fez-se mais eficiente para o contexto sócio-político-econômico em que estava inserido o mundo ocidental. Foi essa estruturação ideológica e filosófica que ofereceu a base de organização, sustentação e manutenção para o poder político e religioso da civilização, chamada ocidental, que se desenvolveu na Europa. A Europa se fez, principalmente, a partir da filosofia grega e da fé cristã.

A filosofia grega possibilitou a estruturação racional das realidades e das relações sociais e políticas que se desenvolveram na Europa; e a fé cristã possibilitou a estruturação da moralidade das relações sociais e políticas nesse continente, possibilitando que essa civilização se impusesse a quase todo o mundo. Tanto que nós, na América, mantemos esses valores.

Neste momento seria interessante recordar o filme, Helena de Tróia, em que parecem várias cenas mostrando o processo pelo qual os cidadãos gregos criaram algumas instituições que permanecem até hoje: (o voto; a necessidade de argumentação; o direito de defender sua idéia) como na cena em que lançam sorte para decidir quem desposaria Helena; cena essa em que aparece um diálogo importante: “onde já se viu isso acontece?” pergunta um dos personagens, recebendo como resposta: “sejamos os primeiros!” Esse filme pode ser analisado paralelamente à analise do processo de surgimento da filosofia, na Grécia, e da música Mulheres de Atenas, cantada por Chico Buarque.

Um bom exercício histórico-filosófico-cultural seria, agora, comparar como duas sociedades gregas, Ateniense e Espartana, tratavam as mulheres; qual era a função da mulher na sociedade Ateniense e na sociedade Espartana?

Na música de Chico Buarque as mulheres de Atenas: vivem, sofrem, despem-se, para seus maridos e para eles geram filhos ao mesmo tempo em que temem perdê-los na guerra. Depois de descobrir como os espartanos tratavam suas mulheres, compare-os com a sociedade atual. Qual é o espaço da mulher, na sociedade atual? Por que é assim?
Continuemos nossa tentativa de compreensão do processo de organização da filosofia. Podemos dizer que a primeira grande característica da filosofia grega foi a superação da mentalidade mítico-religiosa. Mas houve, também, algumas condições históricas. Podem ser enumeradas várias causas ou circunstâncias a partir das quais a filosofia se desenvolveu, na Grécia (CHAUÍ, 1995). Entretanto, aqui para nosso estudo, vamos nos concentrar em alguns elementos políticos, sociais, culturais e econômicos que ajudam a explicar o processo de transição da reflexão mítica para filosófica.
Como estamos afirmando, a filosofia nasceu a partir de alguns pressupostos que aqui estamos mostrando como causas políticas, sociais, culturais e econômicas.
a) Causa Política: A política, como a entendemos hoje, nasceu na Grécia. E esse elemento foi importante para o desenvolvimento da filosofia. Principalmente por que se deu a partir de um processo de reorganização das relações de poder. As tribos e clãs se reestruturaram dando origem às cidades-estado. O poder que era exercido pelo “patriarca” ou pelo irmão mais velho, passou a ser questionado e, na cidade (polis) organizaram-se as assembléias dos cidadãos (homens livres, ricos e que tinham nascido naquela cidade). Devemos notar que dessas assembléias, que aconteciam em praça pública onde se reuniam os cidadãos com direito a voz e voto, estavam excluídos: mulheres, crianças, estrangeiros e escravos. Nas assembléias da praça eram tomadas as decisões a partir dos debates, das argumentações pró e contra. As decisões nasciam dos debates.
b) Causa Social: A organização social se estruturou machista, principalmente em Atenas, que foi um dos principais focos de irradiação da cultura grega. Essa sociedade tinha por base o regime de escravidão: o trabalho do escravo permitia aos cidadãos mais tempo para se dedicarem à política e ao debate: é que podemos chamar de ócio virtuoso. As relações sociais entre os cidadãos, com mais tempo disponível para os debates, travavam conhecimento com outros povos e costumes, o que lhes permitia fazer comparações e generalizações e tirar conclusões novas. A sociedade grega, antes agrária e clânica, nos tempos do desenvolvimento da filosofia estava estruturada na cidade e se fundamentava no comércio e numa sociedade escravista.


c) Causa Cultural: A cultura é uma expressão da sociedade. Mas no caso grego isso tem um significado especial. As cidades-estados, gregas, estavam voltadas para o exterior, para o comércio. Havia poucas relações intracontinente. Mas por mar e com povos diferentes havia intenso intercâmbio não só comercial, como também cultural. Assim os gregos recebiam muitas influências de outros povos que lhes traziam valores culturais diferentes. Esse intercâmbio possibilitou assimilar novas informações que, cruzadas com seus conhecimentos, possibilitaram novas conclusões. Os gregos aprenderam muito com os povos com os quais mantinham relações comerciais. E isso foi sendo incorporado ao seu substrato cultural. Algumas inovações gregas: calendário contando o tempo linearmente, a vida essencialmente urbana, comercial e fabril, com divisão social das funções. A partir de influências fenícias escrita passa a ser alfabética, deixando de ser ideográfica, como em outros povos. Isso facilitou a prática de construção de textos e da comunicação, através da combinação de caracteres para formar palavras. Essa forma de escrita facilitou a comunicação pormenorizada dos conceitos. A novidade grega, portanto, não é a criação, mas a re-elaboração.

d) Causa Econômica: Este talvez seja o ponto central para a explicação do desenvolvimento da filosofia, no mundo grego. Sua economia não se baseava só na agro-pecuária, como a maioria dos povos antigos. Eles desenvolveram intensa atividade comercial – e industrial. Essa atividade exigia contato constante com outras culturas e valores. A utilização da moeda, além de facilitar as transações comerciais, ajudava na troca a partir de cálculos feitos por um valor abstrato, notando que vários conceitos matemáticos e geométricos ainda hoje utilizados, foram desenvolvidos nesse contexto. Além disso, há a presença do escravo. E, talvez, tenha sido esse o elemento determinante e grande diferenciador da economia grega em relação os demais povos. Diferentemente do “Modo de Produção Asiático”, anterior, aqui a escravidão não estava a serviço do estado, mas dos cidadãos; o escravo era encarregado de desenvolver todas as atividades, permitindo ao cidadão desenvolver, além de desenvolver as relações comerciais, dedicar-se ao ócio. Enquanto o escravo se dedicava à produção, o cidadão se dedicava ao comércio, de onde tirava mais informações e ao ócio, quando refletia as novas informações e as debatia com seus concidadãos. A filosofia, portanto, nasce desse contexto sócio-político-econômico e cultural e da ociosidade.

Esses elementos combinados permitiram aos gregos desenvolver explicações do mundo e da sociedade de forma diferente do que havia sido feito até aquele momento. Superaram as estruturas e as cosmovisões de seus contemporâneos como a religiosa criacionista, dos Hebreus; a místico-espiritualista, dos indo-chineses; a belicosa dos mesopotâmicos e a sua própria cosmovisão mítica.

A comparação entre as diferentes cosmovisões os levou a questionar a verdade de cada uma delas. Estava, com isso, colocado um dos problemas centrais da filosofia: a verdade ou a possibilidade de se conhecer a verdade. Constataram que era impossível a mesma realidade ser explicada de diferentes modos e ser, simultaneamente, verdadeira em cada uma dessas explicações.

Esse pode ser entendido como o processo da passagem da explicação mítica para a explicação racional para as realidades do mundo e as situações humanas. Mas esse avanço intelectual foi possível graças ao trabalho escravo que permitia aos cidadãos tempo ocioso para os debates na Ágora (a praça que era o centro da vida econômica, social, política, cultural). Por isso é que se pode dizer que a filosofia, como a entendemos hoje, tem uma origem espaço-temporal bem determinada, sem, contudo, negar a capacidade reflexiva dos outros povos, pois cada povo, assim como cada pessoa, a seu modo, desenvolve um processo de reflexão.

Todos nós somos filosofantes; mesmo quando negamos essa capacidade ou renunciamos nosso direito de conduzir nossa vida, somos obrigados a tomar uma decisão, e isso já implica em uma reflexão. Temos que refletir para nos decidirmos. Ou seja, somos filosofantes. Refletimos e buscamos a verdade, ou refletimos e tomamos a decisão de abrir mão de nossa capacidade de decidir. E isso é um processo filosófico, pois demanda reflexão. O que se observa, na atualidade não é a falta da capacidade de filosofar, mas a renúncia a essa capacidade. E ao se negar a pensar a pessoa passa a ser pensada por outras, sendo por outras conduzida.

A capacidade de reflexão é a primeira face da filosofia. Mas isso não é tudo. Pois a reflexão, como a entendemos até a sociedade grega, caracterizou-se pela subjetividade das explicações mítico-religiosas. Com os gregos manifesta-se a segunda característica, que marca a filosofia; a reflexão passa a ser objetiva e racional. Depende, não mais da subjetividade , mas da objetividade racional. A validade de uma verdade se deve não ao que “eu acho”, mas àquilo que se pode comprovar, pelo raciocínio e pela argumentação.
Essa reflexão argumentativa é a base da filosofia no processo desenvolvido pelos gregos, a partir do século VII. E isso graças a vários fatores, entre eles o fato e a presença do trabalho escravo, liberando o cidadão de necessidade de trabalhar para subsistir. Nesse sentido, podemos dizer, também, que a filosofia nasceu do ócio.
A filosofia, desenvolvida pelos gregos possibilitou um grande passo na busca da compreensão do real. O desenvolvimento da racionalidade permitiu ver além das aparências. Permitiu ver mais. Permitiu ver, além do fato, suas origens e suas conseqüências, que passam a ser, também fatos interligados a outros. Inaugura-se, dessa forma, uma nova visão de história. É possível perceber a ação humana na construção da história; a vida humana deixa de ser uma brincadeira dos deuses, para ser resultante dos condicionamentos e das relações humanas.


Entre os séculos IX e VI antes de Cristo, o mundo grego passou por uma profunda transformação. Ocorreu uma ampla mudança política, social, religiosa e cultural, envolvendo múltiplos fatores que não são ainda totalmente compreendidos. Por um lado, o contato comercial e cultural muito intenso com outros povos, nesse período, trouxe ao mundo grego uma variedade de idéias que passaram a ser confrontadas com o pensamento tradicional. Isso envolveu a entrada de novas concepções religiosas, políticas, filosóficas, científicas. O aparecimento de uma classe econômica poderosa, através do comércio, enfraqueceu a antiga aristocracia. Surgiram novos valores e uma sociedade mais aberta, pessoas mais confiantes em seu próprio poder individual, com um enfraquecimento de toda a tradição cultural e do respeito pelos mitos, pela religião e pela autoridade antiga.

Costuma-se dividir a Filosofia grega em dois períodos: antes e depois de Sócrates. Os filósofos anteriores a Sócrates são chamando de Pré-Socráticos e escreveram obras que, no entanto, não foram conservadas. Tudo o que se sabe sobre eles é indireto, baseado em pequenos trechos de seus escritos, citados por autores que vieram depois deles (os fragmentos dos pré-socráticos) e em descrições feitas por autores posteriores a Sócrates (os testemunhos ou doxografia).

Veja mais sobre os pré-socráticos :

Dualismo Grego O Gênio Grego Divisão da História da Filosofia Grega Primeiro Período Escola Jônica Tales de Mileto Anaximandro de Mileto Anaxímenes de Mileto Dualismo Grego

a) Dualismo Grego: A característica fundamental do pensamento grego está na solução dualista do problema metafísico-teológico, isto é, na solução das relações entre a realidade empírica e o Absoluto que a explique, entre o mundo e Deus, em que Deus e mundo ficam separados um do outro. Conseqüência desse dualismo é o irracionalismo, em que fatalmente finaliza a serena concepção grega do mundo e da vida. O mundo real dos indivíduos e do vir-a-ser depende do princípio eterno da matéria obscura, que tende para Deus como o imperfeito para o perfeito; assimila em parte, a racionalidade de Deus, mas nunca pode chegar até ele porque dele não deriva. E a conseqüência desse irracionalismo outra não pode ser senão o pessimismo: um pessimismo desesperado, porque o grego tinha conhecimento de um absoluto racional, de Deus, mas estava também convicto de que ele não cuida do mundo e da humanidade, que não criou, não conhece, nem governa; e pensava, pelo contrário, que a humanidade é governada pelo Fado, pelo Destino, a saber, pela necessidade irracional. O último remédio desse mal da existência será procurado no ascetismo, considerando-o como a solidão interior e a indiferença heróica para com tudo, a resignação e a renúncia absoluta.
b) O Gênio Grego: A característica do gênio filosófico grego pode-se compendiar em alguns traços fundamentais: racionalismo, ou seja, a consciência do valor supremo do conhecimento racional; esse racionalismo não é, porém, abstrato, absoluto, mas se integra na experiência, no conhecimento sensível; o conhecimento, pois, não é fechado em si mesmo, mas aberto para o ser, é apreensão (realismo); e esse realismo não se restringe ao âmbito da experiência, mas a transpõe, a transcende para o absoluto, do mundo a Deus, sem o qual o mundo não tem explicação; embora, para os gregos, o "conhecer" - a contemplação, o teorético, o intelecto - tenham a primazia sobre o "operar" - a ação, o prático, a vontade - o segundo elemento todavia, não é anulado pelo primeiro, mas está a ele subordinado; e o otimismo grego, conseqüência lógica do seu próprio racionalismo, cederá lugar ao pessimismo, quando se manifestar toda a irracionalidade da realidade, quando o realismo impuser tal concepção. Todos esses elementos vêm sendo, ainda, organizados numa síntese insuperável, numa unidade harmônica, realizada por meio de um desenvolvimento também harmônico, aperfeiçoado mediante uma crítica profunda. Entre as raças gregas, a cultura, a filosofia são devidas, sobretudo, aos jônios, sendo jônios também os atenienses.


c) Divisão da História da Filosofia Grega

Os Períodos Principais do Pensamento Grego: Consoante a ordem cronológica e a marcha evolutiva das idéias pode dividir-se a história da filosofia grega em três períodos:

I. Período pré-socrático (séc. VII-V a.C.) - Problemas cosmológicos. Período Naturalista: pré-socrático, em que o interesse filosófico é voltado para o mundo da natureza;

II. II. Período socrático (séc. IV a.C.) - Problemas metafísicos. Período Sistemático ou Antropológico: o período mais importante da história do pensamento grego (Sócrates, Platão, Aristóteles), em que o interesse pela natureza é integrado com o interesse pelo espírito e são construídos os maiores sistemas filosóficos, culminando com Aristóteles;

III. III. Período pós-socrático (séc. IV a.C. - VI p.C.) - Problemas morais. Período Ético: em que o interesse filosófico é voltado para os problemas morais, decaindo entretanto a metafísica;

IV. IV. Período Religioso: assim chamado pela importância dada à religião, para resolver o problema da vida, que a razão não resolve integralmente. O primeiro período é de formação, o segundo de apogeu, o terceiro de decadência.



Primeiro Período - O primeiro período do pensamento grego toma a denominação substancial de período naturalista, porque a nascente especulação dos filósofos é instintivamente voltada para o mundo exterior, julgando-se encontrar aí também o princípio unitário de todas as coisas; e toma, outrossim, a denominação cronológica de período pré-socrático, porque precede Sócrates e os sofistas, que marcam uma mudança e um desenvolvimento e, por conseguinte, o começo de um novo período na história do pensamento grego.

Esse primeiro período tem início no alvor do VI século a.C., e termina dois séculos depois, mais ou menos, nos fins do século V. Surge e floresce fora da Grécia propriamente dita, nas prósperas colônias gregas da Ásia Menor, do Egeu (Jônia) e da Itália meridional, da Sicília, favorecido sem dúvida na sua obra crítica e especulativa pelas liberdades democráticas e pelo bem-estar econômico. Os filósofos deste período preocuparam-se quase exclusivamente com os problemas cosmológicos. Estudar o mundo exterior nos elementos que o constituem, na sua origem e nas contínuas mudanças a que está sujeito, é a grande questão que dá a este período seu caráter de unidade. Pelo modo de a encarar e resolver, classificam-se os filósofos que nele floresceram em quatro escolas: Escola Jônica; Escola Itálica; Escola Eleática; Escola Atomística. Escola Jônica - A Escola Jônica, assim chamada por ter florescido nas colônias jônicas da Ásia Menor, compreende os jônios antigos e os jônios posteriores ou juniores. A escola jônica, é também a primeira do período naturalista, preocupando-se os seus expoentes com achar a substância única, a causa, o princípio do mundo natural vário, múltiplo e mutável. Essa escola floresceu precisamente em Mileto, colônia grega do litoral da Ásia Menor, durante todo o VI século, até a destruição da cidade pelos persas no ano de 494 a.C., prolongando-se porém ainda pelo V século. Os jônicos julgaram encontrar a substância última das coisas em uma matéria única; e pensaram que nessa matéria fosse imanente uma força ativa, de cuja ação derivariam precisamente a variedade, a multiplicidade, a sucessão dos fenômenos na matéria una. Daí ser chamada esta doutrina hilozoísmo (matéria animada). Os jônios antigos consideram o Universo do ponto de vista estático, procurando determinar o elemento primordial, a matéria primitiva de que são compostos todos os seres. Os mais conhecidos são: Tales de Mileto, Anaximandro de Mileto, Anaxímenes de Mileto. Os jônios posteriores distinguem-se dos antigos não só por virem cronologicamente depois, senão principalmente por imprimirem outra orientação aos estudos cosmológicos, encarando o Universo no seu aspecto dinâmico, e procurando resolver o problema do movimento e da transformação dos corpos. Os mais conhecidos são: Heráclito de Éfeso, Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazômenas.

Tales de Mileto (624-548 A.C.) "Água". Tales de Mileto, fenício de origem, é considerado o fundador da escola jônica. É o mais antigo filósofo grego. Tales não deixou nada escrito mas sabemos que ele ensinava ser a água a substância única de todas as coisas. A terra era concebida como um disco boiando sobre a água, no oceano. Cultivou também as matemáticas e a astronomia, predizendo, pela primeira vez, entre os gregos, os eclipses do sol e da lua. No plano da astronomia, fez estudos sobre solstícios a fim de elaborar um calendário, e examinou o movimento dos astros para orientar a navegação. Provavelmente nada escreveu. Por isso, do seu pensamento só restam interpretações formuladas por outros filósofos que lhe atribuíram uma idéia básica: a de que tudo se origina da água. Segundo Tales, a água, ao se resfriar, torna-se densa e dá origem à terra; ao se aquecer transforma-se em vapor e ar, que retornam como chuva quando novamente esfriados. Desse ciclo de seu movimento (vapor, chuva, rio, mar, terra) nascem as diversas formas de vida, vegetal e animal. A cosmologia de Tales pode ser resumida nas seguintes proposições: A terra flutua sobre a água; A água é a causa material de todas as coisas. Todas as coisas estão cheias de deuses. O imã possui vida, pois atrai o ferro.

Segundo Aristóteles sobre a teoria de Tales: elemento estático e elemento dinâmico. Elemento Estático - a flutuação sobre a água. Elemento Dinâmico - a geração e nutrição de todas as coisas pela água. Tales acreditava em uma "alma do mundo", havia um espírito divino que formava todas as coisas da água. Tales sustentava ser a água a substância de todas as coisas.

Anaximandro de Mileto (611-547 A.C.) "Ápeiron" Anaximandro de Mileto, geógrafo, matemático, astrônomo e político, discípulo e sucessor de Tales e autor de um tratado Da Natureza, põe como princípio universal uma substância indefinida, o ápeiron (ilimitado), isto é, quantitativamente infinita e qualitativamente indeterminada. Deste ápeiron (ilimitado) primitivo, dotado de vida e imortalidade, por um processo de separação ou "segregação" derivam os diferentes corpos. Supõe também a geração espontânea dos seres vivos e a transformação dos peixes em homens. Anaximandro imagina a terra como um disco suspenso no ar. Eterno, o ápeiron está em constante movimento, e disto resulta uma série de pares opostos - água e fogo, frio e calor, etc. - que constituem o mundo. O ápeiron é assim algo abstrato, que não se fixa diretamente em nenhum elemento palpável da natureza. Com essa concepção, Anaximandro prossegue na mesma via de Tales, porém dando um passo a mais na direção da independência do "princípio" em relação às coisas particulares. Para ele, o princípio da "physis" (natureza) é o ápeiron (ilimitado). Atribui-se a Anaximandro a confecção de um mapa do mundo habitado, a introdução na Grécia do uso do gnômon (relógio de sol) e a medição das distâncias entre as estrelas e o cálculo de sua magnitude (é o iniciador da astronomia grega). Ampliando a visão de Tales, foi o primeiro a formular o conceito de uma lei universal presidindo o processo cósmico total. Diz-se também, que preveniu o povo de Esparta de um terremoto. Anaximandro julga que o elemento primordial seria o indeterminado (ápeiron), infinito e em movimento perpétuo. Fragmentos: "Imortal...e imperecível (o ilimitado enquanto o divino) - Aristóteles, Física". Esta (a natureza do ilimitado, ele diz que) é sem idade e sem velhice. Hipólito, Refutação.

Anaxímenes de Mileto (588-524 A.C.) "Ar". Segundo Anaxímenes, a arkhé (comando) que comanda o mundo é o ar, um elemento não tão abstrato como o ápeiron, nem palpável demais como a água. Tudo provém do ar, através de seus movimentos: o ar é respiração e é vida; o fogo é o ar rarefeito; a água, a terra, a pedra são formas cada vez mais condensadas do ar. As diversas coisas que existem, mesmo apresentando qualidades diferentes entre si, reduzem-se a variações quantitativas (mais raro, mais denso) desse único elemento. Atribuindo vida à matéria e identificando a divindade com o elemento primitivo gerador dos seres, os antigos jônios professavam o hilozoísmo e o panteísmo naturalista. Dedicou-se especialmente à meteorologia. Foi o primeiro a afirmar que a Lua recebe sua luz do Sol. Anaxímenes julga que o elemento primordial das coisas é o ar. Fragmentos "O contraído e condensado da matéria ele diz que é frio, e o ralo e o frouxo (é assim que ele expressa) é quente. " Com nossa alma, que é ar, soberanamente nos mantém unidos, assim também todo o cosmo sopro e ar o mantém. (Aécio).



REFERÊNCIAS:

BÍBLIA de Jerusalém. São Paulo: Paulinas, 1989;

CHAUÍ, M.. Convite à Filosofia. 5ªed. S. Paulo: Ática, 1995;
MORENTE, Manuel Garcia. Fundamentos de filosofia, lições preliminares. 3 ed. São Paulo: Mestre Jou. 1967;


SÁTIRO, Angélica; Wuensch, Ana M. Pensando Melhor: Iniciação ao filosofar. São Paulo: Saraiva, 1997, p. 42;

http://www.artigonal.com/educacao-artigos/porque-a-filosofia-nasceu-na-grecia-376906.html, pesquisado em 07.03.2010.



Referências do segundo texto:



DURANT, Will, História da Filosofia - A Vida e as Idéias dos Grandes Filósofos, São Paulo, Editora Nacional, 1.ª edição, 1926.

FRANCA S. J., Padre Leonel, Noções de História da Filosofia.

PADOVANI, Umberto e CASTAGNOLA, Luís, História da Filosofia, Edições

Melhoramentos, São Paulo, 10.ª edição, 1974.

VERGEZ, André e HUISMAN, Denis, História da Filosofia Ilustrada pelos Textos,

Freitas Bastos, Rio de Janeiro, 4.ª edição, 1980.

Coleção Os Pensadores, Os Pré-socráticos, Abril Cultural, São Paulo

http://www.mundociencia.com.br/filosofia/presocraticos.htm, pesquisado em 07.03.2010.

ALTAIR

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